Excetuando as rodadas iniciais, é a primeira vez desde 2016 que o Inter acaba na zona. E lembra o que aconteceu naquele ano?

O clube tem alimentado narrativas de que só estamos na mendicância da tabela pelo número de lesões, pelo calendário apertado ou por priorizar a Libertadores e a Copa do Brasil.

Correspondem a versões fantasiosas, que escondem a realidade: o time jamais teve uma partida de gala (Gauchão não conta), com os titulares ou com os reservas.

São cinco derrotas, cinco empates e duas vitórias (ambas no Beira-Rio), sendo uma sobre o Cruzeiro, com um jogador a mais, e outra, a última, há dois meses, contra o fragilizado Juventude.

É uma campanha pífia. Vergonhosa.

Na Copa do Brasil, sofremos para ganhar em casa do Maracanã.

Se não fosse a virada difícil no segundo tempo contra o Bahia, já teríamos dado adeus à Libertadores. Ou seja, fomos os primeiros no grupo da morte por um detalhe, mas somos um morto-vivo. Houve grandes chances de sermos eliminados também por um detalhe.

No conjunto da temporada, nada justifica o trabalho de Roger Machado. Eu adoro sua personalidade, mas ele possui um histórico de começar bem e depois desandar. Foi assim no Palmeiras, no Atlético Mineiro, no Fluminense. É litrão: só tem gás no começo. Suas melhores largadas se resumem ao comando de equipes gaúchas.

Tudo é penoso. Previsível. O elenco joga mole. Será carência de qualidade ou de qualificação?

Wesley desaprendeu a atacar. Enner desaprendeu a fazer gol. Bruno Henrique e Thiago Maia desaprenderam a desarmar. Anthoni ostenta a pior média de defesas de um goleiro no país. Quando ele não falha, tampouco salva.

Se o Galo tivesse Anthoni debaixo das traves na derrota de quinta-feira, em Belo Horizonte, e não Everson, o chute de Borré e a cabeçada de Juninho teriam entrado.

Em todos os confrontos — tirando a Copa do Brasil, o empate com o Fortaleza e o triunfo sobre o Nacional — o Inter levou gol. Somos uma defesa vazada por excelência. Um exemplo de vulnerabilidade. Sempre saímos atrás no marcador.

A recorrência não é problema do técnico?

A hora da mudança é agora, aproveitando a pausa para recuperar a mentalidade vencedora. Para resgatar a mínima esperança de reequilibrar as finanças. Nossa dívida está perto de um bilhão.

Conhecemos o roteiro. Fingimos tranquilidade até cairmos da Libertadores e da Copa do Brasil. Vem um novo treinador tarde demais, que talvez nos redima no Brasileiro e alcance uma vaga no G-6. Torna-se um messias. É renovado o seu contrato. A direção defende a ideia de continuidade e de planejamento com a pré-temporada.

Há quinze anos, a partir desse interminável ciclo vicioso, não conquistamos um título de relevância. Debutamos na miséria.

Clube grande não age desse jeito. Não vive de milagres e de desculpas.


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